Esse post nasceu de um email enviado pela Eliane, autora do blog mãe de moleque. A questão dela é muito relevante: por que algumas mães continuam a amamentação por longos períodos? Às vezes, até por anos? Qual o ponto de vista psicológico envolvido nisso?
Bom, antes de começar, gostaria de dizer que a amamentação é muito importante para mãe e para o bebê. É preconizada pelo Ministério da Saúde e deve ser estimulada. Existem grupos que defendem a amamentação estendida e por livre demanda, ou seja, dar o seio quando a criança quiser. Entretanto, existem questões psíquicas que devem ser consideradas.
O desmame pode ocorrer naturalmente a partir dos seis meses. Algumas crianças abandonam por conta própria o leite materno e se interessam por outros alimentos. Elas têm iniciativa e as mães podem até estranhar a precocidade do desmame. Isso é reflexo da capacidade da criança de ir fazendo uma separação gradativa da mãe em direção ao mundo. Não é algo preocupante a principio. É apenas um movimento da criança e deve ser respeitado. Pode ser considerado um ponto importante frente à autonomia e o desenvolvimento infantil.
Em outros casos, a mãe quer iniciar o desmame e a criança não aceita. Ela quer o seio o tempo todo, mesmo com mais de um ano de idade. Nesses casos, devem-se estabelecer limites e tentar entender o que a criança quer ao solicitar o seio. Pode ser que ela queira carinho, proximidade ou amor e isso não precisa ser mediado unicamente pelo seio. A criança e sua mãe terão que aprender novas formas de afeto que não somente a amamentação. Outras crianças querem a amamentação para manipular as mães em situações familiares. Isso pode soar estranho aos leigos. Como uma criança de um ano ou dois pode manipular os adultos? Quem é mãe ou trabalha com elas sabe que isso é possível sim. Deve-se estar atento para isso, pois a criança se expressa nesse movimento de demanda constante à mãe.
O último caso é o das mães que não querem parar de amamentar e sentem o desmame como um afastamento muito grande da criança. Elas devem buscar ajuda para entenderem o que ocorre. Exatamente por não dar limites, elas podem dificultar a separação natural com a criança e permitir que elas se interessem pelo ambiente o redor. Inclusive, esses casos inspiram preocupações. O que acontece com essa mulher que ela precisa ou permite tanta proximidade com a criança? Crianças de 6, 7 anos não precisam de leite materno para sua nutrição. É uma intimidade que ultrapassa a relação mãe e filho. A mulher precisa voltar a ter seus interesses próprios e retomar sua vida como sujeito. A criança deve crescer e ter a sua vida própria. Assim, esses casos podem ser trabalhados com a ajuda de um profissional de saúde mental, para que a separação entre mãe e criança possa ser feita.
Abraços
Caroline